quinta-feira, 11 de julho de 2013

TORÇÃO NO PÉ

http://www.novaera.org/contos/pe_torcido.htm

Pé Torcido

Morava em Natal em um pequeno hotel no centro. Chamava-se hotel Caicó.
Um dia, ao andar pelas ruas, pisei em uma lajota solta na calçada, ocasionando uma torção no pé. À medida que foi esfriando, foi inchando e impossibilitando-me de pisar no chão. Procurei, então, por clínicas de fraturas, e fazendo raios-X, o resultado foi sempre o mesmo: sem fratura. Se não há fratura, nada há a fazer.
Andava pulando em um só pé. Nestes dias, fiquei mais tempo no hotel. O proprietário, muito gentil, aconselhava-me a ir até uma costureira, onde afirmava que encontraria a cura. Ora, isso minha formação não permitiria. Se a moderna medicina não pode resolver... Costureiras, benzedeiras???
Assim, resisti a qualquer tentativa de ir em busca de ajuda alternativa. Os dias passavam e não encontrava solução. Havia, na cidade, um hospital, onde ainda não havia estado. Era no bairro Rocas. Um hospital que atendia pessoas mais humildes.
Tomei um táxi e fui até lá. Fui muito bem atendido por um médico que mandou fazer raios-X, e, de posse do resultado, novamente afirmou que nada havia a fazer, pois que não havia fratura.
Chamou-me a um lado e disse:
- Vou te ensinar algo que vai resolver. Mas nunca diga a ninguém que foi um médico que indicou. Ao chegar em casa, antes de se deitar para dormir, aqueça água e ponha numa bacia com sal e vinagre. Procurando manter esta água na mais alta temperatura, molhe aí um pano, e faça compressas no pé e no tornozelo, por algum tempo.
Após, enrole o pé e o tornozelo em panos secos, e vá dormir, sem nem ao menos ligar o ventilador.
Retornei ao hotel, e comentei com o amigo proprietário o que encontrei num hospital, e critiquei o conselho médico, em tom de deboche. O hoteleiro nada disse.
Por volta de dez horas da noite, dispus-me a ir dormir. Mal havia chegado em meus aposentos, bateram à porta. Estavam aí, o hoteleiro e seu gentil funcionário, com uma bacia, contendo sal e vinagre, uma chaleira com água fervente, e também alguns panos.
Não havia como recusar tal gentileza. Aceitei. No dia seguinte, acordei e levantei da cama indo em direção ao banheiro para tomar um banho. Caminhei pelo quarto, e, então, dei-me conta! Meu pé estava curado. Totalmente! Pisava no chão com força. Estava curado.
Tenho ensinado a crédulos e descrentes esta receita, sempre que ouço alguém falar de torção no pé. Alguns poucos acreditam. Dentre estes, menos ainda o fazem. Tenho, desde então, contado esta estória, propagando e estendendo a possibilidade de cura imediata que me foi dada por aquele médico, e proporcionada pelo hospedeiro amigo. Nisto, consiste a extensão do milagre. A cura pode chegar a pontos onde jamais iríamos imaginar.
A semente do bem é levada pelo vento a todos os cantos da terra, germina e dá bons frutos. A estes irmãos queridos, estendo minha gratidão.
by Jorge Luiz Brandt

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